O Futuro da Comida nas Cantinas Escolares

Rafael Ferreira
Por Rafael Ferreira

Um Mergulho na Sustentabilidade e na Valorização do Local

Recentemente estivemos na organização das visitas às cantinas escolares no Alto Minho, inseridas no Projeto FEAST, no âmbito do III Congresso Internacional de Enogastronomia Amar o Minho, organizado pelo Consorcio Minho Inovação e com a colabolação do CISAS IPVC ( Centro de Investigação e Desenvolvimento em Sistemas Agroalimantares e Sustentabilidade do Instituto Politécnico de Viana do Castelo) mas no que diz respeito às visitas, em particular, iremos abordar o tema, mais aprofundadamente, em breve.

No entanto, a visita fez-me refletir que, num mundo em constante evolução, onde a sustentabilidade e a responsabilidade ambiental tornaram-se temas centrais, as cantinas escolares não podem ficar para trás. Estas, muito mais do que meros locais de alimentação, têm potencial para se tornarem verdadeiros polos de educação alimentar, reforçando a ligação entre os jovens, o território e a produção alimentar local.

Sustentabilidade dos Territórios e o Uso de Produtos Locais
Nos tempos recentes, tem-se notado um aumento significativo na consciência ambiental da população. Esta consciência reflete-se também nas escolhas alimentares e na forma como vemos o consumo de alimentos. Nas cantinas escolares, esta realidade não é diferente. A questão da origem dos alimentos tornou-se fundamental. Quando se escolhe introduzir produtos de origem local nas ementas, está-se a fazer uma opção não apenas pela frescura e qualidade, mas também pela sustentabilidade. Ao reduzir a distância entre o produtor e o consumidor, diminuímos a necessidade de longos transportes de mercadorias. Estes transportes, muitas vezes, são responsáveis por uma grande quantidade de emissões de CO2, contribuindo para o agravamento das mudanças climáticas. Assim, ao privilegiar o local, estamos indirectamente a combater o aquecimento global e a promover práticas mais amigas do ambiente.

Mais do que isso, promovemos a economia local. Ao investirmos em pequenos agricultores e produtores regionais, estamos a assegurar que métodos agrícolas sustentáveis, que frequentemente têm uma menor pegada ecológica, prevaleçam.

"Mais do que isso, promovemos a economia local."



Educar pelo Paladar
O paladar é uma poderosa ferramenta educativa. Ao expormos os jovens a produtos frescos, de época e locais, estamos a dar-lhes a oportunidade de explorar sabores autênticos e a valorizar a gastronomia regional. Além disso, esta abordagem fomenta uma maior consciência sobre a sazonalidade e a importância de consumir alimentos que estão no seu pico de frescura e sabor.

"O paladar é uma poderosa ferramenta educativa."
Quando uma criança ou jovem, sabe de onde vem o seu alimento, ganha-se uma conexão mais profunda, não só com a comida, mas também com a terra e a comunidade que a produz.

Capacitação dos Jovens e Valorização da Proximidade
 


A valorização do que é local não deve ficar apenas no prato. As escolas têm aqui uma oportunidade única de transformar os jovens em verdadeiros agentes de mudança. Imaginemos hortas escolares onde os alunos possam aprender, na prática, sobre agricultura (temos um excelente exemplo no território,  na escola da Facha em Ponte de Lima), ou workshops onde aprendam a transformar esses produtos em deliciosas refeições. Promover visitas a quintas e produtores locais podem proporcionar uma visão real do trabalho e dedicação que está por detrás de cada alimento. Este tipo de interação não só capacita os jovens com habilidades valiosas, como também reforça a sua relação com a comunidade e o ambiente.

Em Direção a um Futuro Mais Verde
A refeição que é servida numa cantina escolar é muito mais do que uma simples pausa para comer. É uma oportunidade  de educar, de formar, de criar laços. No prato de cada aluno, vemos uma promessa para um futuro mais sustentável, mais consciente e mais comprometido com o território, as suas gentes e os seus saberes. 

E enquanto sociedade, cabe-nos garantir que essa promessa seja cumprida.